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CUIDADO ESCÓCIA... A FRANÇA PODE, EM BREVE, SER A CASA DO WHISKY!

Um estudo recente tem revelado que os franceses são os campeões mundiais em consumo de uísque. Mas, alguns especialistas na matéria vão mais adiante e estão prevendo que a França poderia ultrapassar a Escócia e se tornar líder global na fabricação dessa bebida espirituosa.

A consultoria Bonial Group International realizou um estudo que mostra que o uísque agora é tão popular na França, que está rapidamente se tornando a bebida nacional! Quem diria? Mais ainda, considerando a rixa lendária e histórica entre França e Reino Unido!

De acordo com as estatísticas, o consumo médio de uísque por um adulto francês é de 2,15 litros por ano - e isso, além de todo o vinho, conhaque e pastis que bebem. Para quem consegue imaginar, são 140 milhões de litros de uísque no total, o que encheria 45 piscinas olímpicas. Isso foi o suficiente para colocar a França no topo do ranking da “liga global dos maiores bebedores de uísque” do mundo.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a terra do Bourbon e seu tradicional Jack Daniels, eles bebem apenas 1,44 litros de uísque por pessoa/ano, e na Grã-Bretanha, terra do scotch, são 1,25 litros por pessoa, umas lágrimas à frente dos irlandeses, com 1,24 litros por pessoa.

Até a imprensa francesa ficou surpresa, atônica; tanto é que a famosa rádio Europe 1 fez um comentário engraçado: “Você pensava que os maiores consumidores de uísque eram os americanos, os irlandeses ou os escoceses? Você está errado. São... os franceses!”

A França não somente está no topo do ranking mundial dos bebedores de uísque, mas também é a bebida espirituosa mais popular (onde já não tem falta de bebidas populares!). Cerca de 38% das bebidas alcoólicas consumidas na França são uísques.

A mesma Bonial destacou que o uísque é apreciado por todas as classes sociais na França, devido aos preços relativamente baixos de uma garrafa. Embora os maltes e blends escoceses representassem 90% do whisky bebido, a marca favorita é, na verdade, a americana Jack Daniels, do Tennessee. Mas o amor francês pelo scotch está crescendo, sendo a França, hoje, o maior importador mundial de uísque escocês - cerca de 200 milhões de garrafas são consumidas a cada ano.

A Bonial também revelou que mais e mais pessoas estão testando suas papilas gustativas em marcas mais raras e caras. Mas, as coisas podem mudar!

Enquanto as destilarias francesas produzem somente cerca de 700.000 garrafas por ano, os fabricantes franceses de whisky estão convencidos de que um dia irão competir com as marcas irlandesas e escocesas.


Sébastien & Nicolas Julhès, proprietários da Distillerie de Paris SAS comentam: "Dentro de 15 anos, os melhores whiskies do mundo serão franceses. Seremos capazes de parar de copiar os escoceses e trazer um verdadeiro estilo francês. Temos os maiores especialistas em envelhecimento [de bebidas alcoólicas], que sempre trabalharam com vinho e conhaque." É um comentário pouco modesto! Portanto, ou a Escócia precisa melhorar o seu jogo comercial e as suas técnicas de produção... ou aprender rapidamente a fazer conhaque.

Em 2015, as regiões da Alsácia, no Leste, e da Bretanha, no Oeste, foram declaradas áreas oficiais de produção de uísque, sendo concedido a ambas as áreas o estatuto IGP (Indication Géographique Protégée), um label europeu concedido aos produtos cuja fabricação é ligada a uma área geográfica bem definida, com um caderno de normas e regulamentos de produção claramente definidos. O uísque também é produzido no Sudeste do país - Tarn e Herault - e em Champagne - Ardenne, Nord-Pas-de-Calais e Córsega.

Essa denominação para proteger o uísque francês parece indicar que as autoridades públicas estariam finalmente levando a sério o whisky francês! Em todo o caso, foi dado um primeiro passo nesse sentido. Ou, pode ser simplesmente de um ponto de vista puramente administrativo. A nova legislação europeia sobre o assunto impede, de forma definitiva, a presença de qualquer indicação geográfica se o produto não tiver a designação correspondente.

Quais são as vantagens para os consumidores? Saber, mesmo que houvesse poucas dúvidas sobre grandes estruturas ou engarrafadores sérios, o que as garrafas contêm. “Concretamente”, lembra David Roussier, diretor da mais antiga destilaria bretã, a Distillerie Warenghem, que fabrica o whisky Armorik, “até hoje nada impedia engarrafar uísque escocês comprado a granel e escrever nele “uísque bretão!”.

No futuro, para obter este IGP, os uísques terão de ser fermentados, destilados e envelhecidos dentro de uma área geográfica definida, ou seja, dois departamentos para a Alsácia (Haut- et Bas-Rhin) e quatro para a Bretanha, com algumas exceções para a Loire-Atlantique. Outra particularidade: os blends bretãs se beneficiarão da denominação IGP, enquanto a Alsácia reserva a mesma para os single malts. Embora ainda seja prematuro soltar gritos de alegria - os dois IGP atualmente dizem respeito apenas a cinco destilarias de uísque, duas na Bretanha (Distillerie Warenghem e La Distillerie des Menhirs) e três na Alsácia (Distillerie Artisanale Bertrand, Distillerie Artisanale Hepp, Lehmann - Distillerie Artisanale Alsace), essas iniciativas regionais são um marco na jovem história do whisky francês.

Interessante observar que a destilaria que produz o uísque francês mais bem cotado (95 pontos) na Whisky Bible, de Jim Murray (edição 2014), não apareça na lista destes IGP. Trata-se da P&M, uma destilaria da Córsega, fundada em 1999, por Jean Claude Venturini (Domaine Mavela) e Dominique Sialelli (Brasserie Pietra), que se uniram e lançaram o whisky P&M, cuja primeira comercialização ocorreu em 2005.

Na verdade, os franceses sempre tiveram a tendência de querer se destacar em qualquer aspecto da comida e do vinho, e o mundo dos destilados não parece ser uma exceção. E agora, mesmo que ainda sem grande alarde, os franceses parecem decididos a aproveitar o que durante anos foi o símbolo dos eternos rivais ingleses: o uísque. Não são tentativas esporádicas e ambições de artistas, mas sim a mistura certa de seriedade, história agrícola e consumo. Até o momento não é possível afirmar se a França seguirá o caminho do Japão e se tornará a próxima grande nação do whisky (pelo menos em termos de qualidade), mas os elementos para pensar assim estão todos aí. Vejamos!

Para produzir whisky de boa qualidade existem três pontos básicos: o abastecimento da matéria-prima, o domínio das técnicas de destilação e uma profunda experiência em envelhecimento de bebidas espirituosas.

A França, que sempre foi um país agrícola, é de fato o maior produtor de cevada e malte da Europa. Existe um número muito elevado de cervejarias, sendo a cerveja extremamente difundida e popular em todo o Noroeste do país (não se pode esquecer que a Alemanha e a Bélgica estão logo depois da fronteira).

Os outros dois elementos necessários já disponíveis são um verdadeiro know-how em matéria de destilação, derivado da tradição secular do conhaque, e a gestão do envelhecimento, que não envolve problemas, visto que o país é o segundo maior produtor de barricas do mundo, imediatamente a seguir dos Estados Unidos. Mas o raciocínio nesse sentido vai mais longe. Os franceses, tanto apreciadores do conceito de terroir, procuram trazer o conceito de volta também na produção de whisky, como demonstra o caso da casa Brenne, especialista em conhaques, que usa cevada cultivada em solo de conhaque, tipicamente calcário, e envelhecido em barris de carvalho usados para envelhecer conhaque da região do Limusino (Limousin), caracterizada por apresentar carvalho de alta porosidade e rico em taninos.

Pode ser surpreendente, mas a França, com mais de 85 destilarias em atividade, atualmente já tem mais destilarias de uísque do que a Irlanda. Um florescimento de produtores que em poucos anos conseguiram criar um verdadeiro movimento interno e despertar a curiosidade dos consumidores, tirando o segmento do nicho e tornando-o interessante. Estamos falando de pequenas destilarias e não de grandes produtores, que historicamente têm contado com a regulamentação europeia que prevê, para a utilização do termo "Whisky", um destilado de grão envelhecido pelo menos três anos em madeira.

Já existe uma Fédération du Whisky de France que está trabalhando em uma normalização, um disciplinar nacional, que pode se referir a uma cadeia de suprimentos cada vez mais controlada. O primeiro disciplinar que nasceu, como já mencionado, foi o bretão, seguido do alsaciano, e falam de um detalhe do processo de produção ainda mais padronizado do que o scotch, conhecimento que também se tenta repassar ao consumidor. E o surpreendente é que foi pensado pelos próprios produtores de comum acordo, sem nenhuma intervenção governamental.

Mas, com todos esses belos números, dados e previsões, por que ainda não se fala mais do whisky francês na Europa e no mundo?

As explicações são várias, a primeira é que, como mostram os números, por enquanto o grosso da produção é utilizado para saciar o mercado interno. A segunda, diz respeito ao fato de que os gigantes franceses do álcool (Pernod Ricard e LVMH em primeiro lugar) possuem muitas das grandes destilarias da Escócia e não estão particularmente interessados em lançar um novo mercado agora. Um terceiro elemento é o tempo: na verdade, os franceses não gostam de fazer as coisas pela metade. Hoje, destilam mais do que o necessário, criando um envelhecimento cada vez mais refinado. Quando o Japão passou a ser procurado no mercado global, ocorreram trágicas quedas de estoque e parece que os franceses não querem correr esse risco.

Mas se três pistas o comprovam, os elementos para começar a colocar algumas garrafas na adega parecem estar todos presentes.

Santé!


Michel A. Wankenne - Editor-in-Chief




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