Fosfatos
É uma substância inorgânica conhecida por estar presente em organismos vivos e minerais e está presente na maioria dos sistemas de alimentos. Muito utilizado como ingrediente tecnofuncional (mono, di, tri e polifosfatos) e aplicado em enriquecimento mineral (Ca, Mg, K e Fe - fosfatos).
Principais aplicações dos fosfatos
Panificação
Laticínios
Carnes
Nutrição
Bebidas
Variados:
oModificação de amido
oProcessamento de batata
oOutros
Higiene pessoal
Pet Food
Farmacêutico
Principais Propriedades:
Regulador de acidez
Acidulante
Agente levedante
Estabilizante
Dispersante
Nutriente
Tamponante
Suplemento mineral
Alcalinizante
Agente emulsificante
Sequestrante
Modificador de proteína
Antiumectante
Neste artigo, serão abordadas de forma sucinta e objetiva as aplicações de fosfatos em panificação, laticínios, cárneos, bebidas e como enriquecedor nutricional em produtos.
Utilização em panificação
Alguns fosfatos são utilizados na panificação como levedantes (fermentos químicos). Essa substituição da fermentação biológica pela química em alguns produtos, teve origem pelo fermento biológico ter algumas desvantagens, como necessitar de substrato para as leveduras e necessita de tempo de crescimento para as leveduras se proliferarem.
Função do fosfato em bolos
São agentes de crescimento ácido em conjunto com o bicarbonato de sódio, controlando o tempo de liberação do dióxido de carbono e balanceando a reação evitando o sabor residual, além de realizarem nucleação da massa.
Fermento químico
Podem ser classificados pela ação:
Mono (Simples) Ação - fermento age apenas com apenas um fator (calor ou umidade, ou tempo).
Dupla Ação - fermento age com dois fatores (calor ou umidade, ou tempo).
Tripla Ação - fermento age com três fatores diferentes (calor ou umidade, ou tempo).
Os fermentos químicos se diferem na velocidade com que liberam o gás carbônico. Para isto, existem fosfatos com a propriedade de ações variadas. O bom balanceamento e o processo adequado resultam em fermentos diferenciados.
Neutralização química
O processo onde o bicarbonato inicial é neutralizado por um ácido é chamado de neutralização química.
Geralmente ao se adicionar um líquido no produto, o bicarbonato de sódio é solubilizado rapidamente e se disponibiliza para reagir com um ácido. A taxa de dióxido de carbono liberada dependerá da taxa em que o próton do ácido torna-se disponível para reagir com o bicarbonato. Cada ácido tem um tempo de liberação e uma taxa de reação, que também pode depende da presença de cátions divalentes do cálcio, da concentração de açúcar, da presença de amidos e gomas e da umidade.
Tendo um balanceamento equilibrado destes componentes e as variações dos agentes ácidos, é possível obter diferentes produtos, com textura, simetria, altura e outros diferentes.
Decomposição do bicarbonato de sódio (Soda)
calor
2NaHCO3 Na2 CO3+ H2O + CO2
Bicarbonato de Sódio Sal básico água dióxido de carbono
O bicarbonato de sódio reage em presença de ingredientes ácidos e se decompõe a 109ºC , porém resulta em um sal alcalino que pode transmitir à massa um sabor residual de sabão e deixar a superfície do produto com pontos de coloração marrom.
Função dos levedantes:
Melhora a textura do produto
Forma bolhas de gás
Estrutura uniforme das células
Afina paredes das células
Melhora a cor do miolo
Características dos levedantes
Cada fosfato pode reagir com algum tipo de agente externo. Existem os fosfatos que reagem com umidade ou líquidos, iniciando sua reação, como o MCP. Outros reagem com tempo, onde há o início em contato com a água e o restando ocorre com o tempo ou em contato com temperaturas elevadas, como o SAPP. Já o DCPD reage com a temperatura elevada, sendo acionado a aproximadamente 65°C. Utilizando-se uma combinação entre os fosfatos, é possível adequação do fermento ao processo de quem os utilizará, e a escolha dos fosfatos a serem utilizados está relacionada ao momento em que se deseja que o CO2 seja liberado.
Fosfatos como levedantes - etapas
Nucleação
Ácidos com ativação por umidade têm a reação rápida com o Bicarbonato, liberando dióxido de carbono durante a mistura.
Estes fermentos atuam na nucleação da massa, para auxiliar no processo de liberação de gás carbônico no forneamento.
Crescimento
Fermentos com ação ao tempo e temperatura liberam Gás Carbônico aos poucos, proporcionando o crescimento nas massas.
Textura
A liberação de Gás Carbônico nos processos de mistura e forneamento proporciona um ganho de altura e de textura, criando células no interior do biscoito, facilitando a mastigabilidade e evitando a compactação da massa.
Padronização das células (miolo)
Com o controle da reação, que se dá pelos tipos de fermentos químicos, podemos sincronizar a liberação de Gás Carbônico com a estrutura da massa.
Na Tabela 1, temos as etapas do processo de panificados e exigências em relação ao que deve ocorrer em cada uma.
Tabela 1. Etapa do processo de panificação e exigências para Levedação
Etapa | Exigências |
Mistura Seca | Não há liberação de gás |
Mistura | Nucleação da massa |
Modelagem | Não há liberação de gás |
Crescimento/ Espera | Geralmente não libera gás |
Assamento | Liberação total do CO2 - Biscoitos 49-60°C - Bolos 65-73°C |
Refrigeração | Não há liberação de gás |
Abaixo temos a fórmula para cálculo de dosagem dos fosfatos (% de levedantes), onde % soda é a quantidade do bicarbonato de sódio adicionada ao produto, podendo ser baseado esse valor na Tabela 2, e VN é o Valor de Neutralização ( Partes de soda que são neutralizadas por 100 partes do ácido levedante), onde podem ser observados estes valores na Tabela 3.
% Ácido Levedante = % Soda x 100
VN
Tabela 2. Produtos de panificação e suas respectivas dosagens orientativas de Bicarbonato de Sódio
Produto | % Soda |
Misturas secas (biscoitos, bolos, waffle, muffin, panquecas) | 1,5 – 2,0 |
Massa para Pizza | 0,3 – 1,2 |
Mistura para Pizza | 1,0 |
Farinha de tortilhas | 0,5 – 1,0 |
Crackers | 0,5 – 1,8 |
Fermento em pó (latinha) | 30 |
Tabela 3. Ácido levedante e seu Valor de Neutralização
Ácido Levedante | VN |
MCP – Fosfato Monocálcico Monohidratado | 80 |
MCPA – Fosfato Monocálcico Anidro | 80 |
SAPP – Pirofosfato Ácido de Sódio | 72 |
SALP – Fosfato de Sódio e Alumínio | 100 |
Levona – Pirofosfato Ácido de Cálcio | 52 |
DCPD – Fosfato Dicálcico Dihidratado | 33 |
Exemplo:
Uma mistura contém 1,2% de soda. Três ácidos são utilizados e cada um neutralizará as seguintes proporções de soda:
10% de soda com MCP (VN 80)
75% de soda com SALP (VN 100)
15% de soda com DCPD (VN 33)
Cálculos
10% de soda com MCP (VN 80)
10% de 1,2 = 0,12% soda
oQuantidade de MCP = (0,12 x 100) / 80 = 0,15%
75% de soda com SALP (VN 100)
75% de 1,2 = 0,9% soda
oQuantidade de SALP = (0,9 x 100) / 100 = 0,90%
15% de soda com DCPD (VN 33)
15% de 1,2 = 0,18% soda
oQuantidade de DCPD = (0,18 x 100) / 33 = 0,54%
Total de ácidos levedantes (soma) = 1,59%
Utilização em cárneos e frutos do mar
Os fosfatos são indicados para utilização em:
Carnes: presunto, bacon, salsichas, linguiças.
Aves: peru, nuggets, salsichas de frango, presunto de peru.
Frutos do Mar: camarão, filé de peixe.
Qualquer produto cárneo processado.
Carne vermelha: vaca, porco, carneiro.
Carne branca: galinha, peru.
Carnes alternativas: búfalo, avestruz.
Marinados frescos, cozidos ou defumados.
Congelados.
Misturas de temperos secos.
Principais funções em cárneos
Mantém a água, deixando a carne macia.
Impede a perda quando cozinhar ou descongelar.
Liga proteína - Liga pedaços de carnes presunto, salsicha, nuggets de frango.
Emulsifica.
Ajusta o pH para cor, aroma e etc.
Melhorar o rendimento, tendo assim menor perda de produtos, conseqüentemente maior lucro.
Aumentar o shelf life.
Proteger a gordura de formação de off flavors.
Aumentar a atração do cliente.
Modificação da textura.
Melhorar a aparência.
Principais funções em frutos do mar
Redução do gotejamento durante o descongelamento.
Retenção do aroma.
Prevenção de rancidez oxidativa.
Crioproteção.
Inibição de cristais struvite.
Sequestraste.
Métodos de adição de fosfatos em cárneos e frutos do mar
Adição Seca
Usada primeiramente em produtos moídos (lingüiças), onde é requerida boa mistura do produto.
Imersão
Processo lento onde a penetração de fosfato ocorre em nível indeterminado.
Injeção
Rápido e com controle excelente sobre o nível usado, tendo uma distribuição uniforme
Tombamento
Distribuição excelente de solução de fosfato, tenderização
Na tabela 4 estão as dosagens e métodos indicados para cárneos, e na tabela 5 temos as dosagens e métodos utilizados em frutos do mar.
Tabela 4. Indicações de dosagem e método da utilização de fosfatos para aves e produtos cárneos
Produtos | Método | % por peso |
Peru inteiro, Presunto de Peru, Pastrami | Injeção e Tombamento | 0.40 -0.50 |
Hamburger,Patês | Adição seca | 0.20 -0.40 |
Lingüiça cozida, Salsicha | Adição seca | 0.15 -0.35 |
Presunto, Bacon, Carne salgada em lata, Roast Beef, Pastrami | Injeção e Tombamento | 0.50 |
Ave Reestruturada, Patês, Nuggets | Adição seca | 0.15 -0.35 |
Salsicha | Adição seca | 0.20 -0.30 |
Tabela 5. Indicações de dosagem e método da utilização de fosfatos para frutos do mar
Produtos | Método | % por peso |
Salmão Enlatado | Imersão | 3 –5% |
Camarão Descascado | Imersão | 5 –7% |
Camarão para Congelar/Cozinhar | Imersão | 5 –7% |
Utilização em laticínios
A utilização de fosfatos em laticínios pode se dar em:
Qualquer produto elaborado com leite e seus derivados.
Laticínios análogos: creme de café sem leite e produtos à base de soja
Queijos, produtos com leite em pó, cremes de café e soro de leite, etc.
Misturas secas.
Bebidas prontas.
Comidas prontas que contém produtos lácteos.
Leite em pó desnatado.
Leite em pó aromatizado.
Sorvete e sobremesas congeladas.
Sopas a base de lácteos.
Bebidas a base de lácteos, como capuccino.
Processamento de soro de leite.
Culturas Starter.
Os fosfatos podem alterar propriedades de leite e derivados através da quelação de metais, alterações do meio iônico, efeitos do pH, interação direta com componentes do leite, entre outros, por isso é necessário analisar bem os efeitos que irão ocorrer no produto final antes de utilizá-los.
Queijos
Para utilização destes produtos como emulsificantes isolados, não se deve utilizar mais que 3% do peso do queijo processado e pasteurizado destes, e pode ser aplicada qualquer combinação de:
Fosfatos: MSP, DSP, DKP, TSP, SHMP, SAPP, TSPP, SALP;
Citrato de Na, Ca, K;
Tartarato de Na, Tartarato de Na/K.
Leite UHT
Os fosfatos recomendados para estabilizar as proteínas do leite e agirem como tamponante em leite UHT são o DSP (Fosfato dissódico), e o SHMP (Hexametafosfato de sódio).
São indicados para aplicação com tratamento de baixa temperatura (270°F, 1-2 segundos), necessitando de um período de prevenção da gelatinização da proteína e tendo uma interação direta com a proteína, com dosagem indicativa de 0,05 -0,5% sobre o produto final.
Leite condensado
Para leite condensado, é recomendado o uso do DSP (Fosfato dissódico), e o SHMP (Hexametafosfato de sódio). Eles agem como quelantes do Cálcio e também interagem com a proteína. São indicados pois o choque térmico de HTST (161°F, 15 segundos) fornece ao leite uma tendência de gelificação, e o SHMP retarda a formação de gel para mais de um ano. A dosagem orientativa é de 0,6% baseado em sólidos do leite seco
Fosfato = Estabilizar
Interação dos fosfatos com proteínas para protegê-los das condições de processamento, como calor, pH extremos ou mesmo ação mecânica.
Utilização em bebidas
Bebidas escuras carbonatadas.
Bebidas contendo sucos.
Cerveja ou vinho.
Mistura seca.
Xarope concentrado.
Preparado de bebidas.
Funções dos fosfatos em bebidas:
Acidulante - Realça o sabor e aroma
Muito utilizado em bebidas carbonatadas. Utiliza-se o Ácido fosfórico, MKP, Ácido adípico.
Balanço Isotônico - Bebidas para Esportistas, onde há necessidade de acrescentar fontes de sais, como potássio. Utiliza-se o MKP.
Fortificação - Bebidas diets, suplementos. Geralmente são utilizados TCP, DCP, DKP, TKP, DMP e DSP.
Antiumectante e agentes opacificantes.
Na maioria das vezes, utilizado em Bebidas em pó, como refrescos, energético em pó, isotônico em pó, etc. O mais indicado para esta função é o TCP.
Auxiliar dispersante
Utilizados em bebidas em pó, aromas de bebidas em pó, bebidas líquidas com alto teor de sólidos. Os mais indicados são o TSPP, SAPP, STP e o SHMP.
Sequestrantes, Estabilizantes – catiônicos
Indicados para bebidas de frutas, vinho, cerveja, chás, etc. Os fosfatos usados são o STP, SHMP, TSPP, SAPP e o DAP.
Estabilização de proteínas
São indicados para utilização em nata, chocolate quente, capuccino, soda, bebidas de soja. Os fosfatos são o STP, SHMP, TSPP, SAPP, DKP e o DSP
Nutrientes
São utilizados em leveduras em vinhos, cervejas ou destilados. Fosfatos indicados: MAP, DAP
Utilização para agregar valor nutricional
São aplicados em qualquer produto alimentício, em qualquer forma, onde se espera que seja fortificado, adicionando minerais, ou como fonte de nutrientes num produto:
Barras nutricionais
Suplementos de refeição, bebidas diets
Fórmulas infantis
Bebidas geriátricas
Bebidas isotônicas
Os fosfatos também podem ser utilizados para fortificar produtos onde o consumidor não espera necessariamente que estes sejam fortificados, mas sim como um diferencial do produto, para um público específico, como:
Queijos
Iogurtes
Margarinas
Arroz
Cereais
Bebidas
A Plury química fornece diversos fosfatos, que podem ser utilizados como fonte de fósforo, cálcio ou potássio.
Abaixo segue os fosfatos com que a Plury Química trabalha atualmente:
DKP – Fosfato Dipotássico
MSP - Fosfato Monossódico
MCP - Fosfato Monocálcico
MFP – Monofluorfosfato de sódio
MKP – Fosfato Monopotássico
SAPP - Pirofosfato Ácido de Sódio
SHMP – Hexametafosfato de Sódio
STP – Tripolifosfato de Sódio
SALP – Fosfato de alumínio e sódio
STMP – Trimetafosfato de sódio
TCP – Fosfato Tricálcico
TKPP - Pirofosfato Tetrapotássico
TSP – Fosfato trissódico dodecahidratado
TSPP - Pirofosfato Tetrassódico
Plury Química Ltda.
www.pluryquimica.com.br