Page 38 - Food Ingredients Brasil - Edição Pré-Show
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 EXTRATOS NATURAIS E VEGETAIS   tas e seus extratos como ingredientes alimentícios, uma das questões fundamentais é a determinação da identi- dade correta do composto vegetal. Conhecidos os princípios ativos do vegetal, sua reti- rada é feita por um solvente, obtendo-se, assim, formas terapêuticas mais convenientes ao manuseio e adminis- tração. Os processos mais utilizados para tanto incluem a maceração, que consiste no simples contato do vegetal com o líquido extrator por um período determinado; a infusão, onde água fervente é adicionada à planta; a de- cocção, quando chega-se à fervura da água em contato com o vegetal; a digestão, onde o contato matéria-prima/ solvente é mantido a uma temperatura de 400C a 600C; a percolação, processo que pela dinâmica e artifícios possíveis permite uma maior e mais eficiente extração, sendo que a passagem do líquido extrator através da matéria-prima moída, com o controle do fluxo e variação da mistura dos solventes extratores, otimiza o processo; a destilação, onde a planta em contato com água ou álcool é submetida à destilação; e a secagem, processo em que o extrato líquido tem o seu solvente removido por simples aquecimento e evaporação ou submetido a processos de spray dryer, drum dryer, evaporação e concentração sob vácuo, concentração em membranas e outros. Outros processos mais sofisticados permitem obter ex- tratos qualitativamente superiores, como a Extração por Solvente Assistida por Micro-ondas (ESAM); extração com CO2 Supercrítico; Hidro Destilação de Micro-ondas a Vácuo (VMHD - Vacuum Microwave Hydro Distillation) e a extração biotecnológica (fermentação e bioconversão). Na extração por solvente assistida por micro-ondas, a água contida em um produto natural absorve as micro-ondas para convertê-la em energia térmica. Essa descarga de calor ocorre na massa da matéria-prima, provocando um gradiente de temperatura do interior em direção ao exterior do produto e, então, invertido com relação ao aquecimento por condução. Esse aquecimento (de dentro para fora do produto) explica em grande parte a extrema velocidade de difusão das moléculas do interior em direção ao exterior do produto. Assim, ao contrário da extração sólido-líquido tradicional, o gradiente de concen- tração do soluto entre a matéria-prima e o solvente não é mais o fator limitante da extração. Em consequência, a quantidade de solvente necessária à extração é reduzida ao mínimo. Na extração pelo processo de hidro destilação de mi- cro-ondas a vácuo, sob o efeito conjugado do aquecimento seletivo das micro-ondas e do vácuo aplicado de forma sequencial, a água de constituição da matéria-prima en- tra brutalmente em ebulição. Os compostos voláteis são carregados na mistura azeotrópica formada com o vapor d’água própria à carga. O processo com CO2 supercrítico tem, atualmente, a preferência de muitas indústrias. No estado crítico, o CO2, nem líquido, nem gasoso, possui ótimo poder de extração, modulável à vontade, atuando sobre a pressão e a temperatura de trabalho. As grandes vantagens da extração por CO2 supercrítico é que o CO2 é quimicamente inerte, natural e não tóxico; além disso, as temperaturas de trabalho são baixas, não requerendo o dispêndio de muita energia e os extratos e refinados obtidos não tem solvente residual. O processo é particularmente adaptado para os compostos lipofílicos. A extração com fluídos supercríticos (SFE) é também conhecida como extração por CO2. De forma simplificada, o processo utiliza o CO2 sob alta pressão, até o ponto onde torna-se líquido. Esse CO2 líquido age como solvente para extrair óleo, extrato e resina do produto ou matéria- prima original. O processo pode ser aplicado tanto para recuperar um extrato utilizável, quanto para eliminar resíduos ou impurezas. Nesse último caso, a parte não extraída é a que será usada. As aplicações industriais da extração de produtos naturais com fluídos supercríticos são numerosas e tra- dicionais na indústria alimentícia. As mais conhecidas são a descafeinização de chá e café, a extração de lúpulo para fabricação de cerveja e os extratos de especiarias. Esse processo também é aplicado na extração de aromas, na eliminação de matérias graxas e na deterpenação dos cedros. 38 FOOD INGREDIENTS BRASIL No 55 - 2021 revista-fi.com.br 


































































































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